O nascimento da Ordem Franciscana 🌱
Uma revolução espiritual guiada por São Francisco de Assis
A história do nascimento da Ordem Franciscana é um marco não apenas para a Igreja Católica, mas para toda a humanidade. Mais do que a fundação de um grupo religioso, estamos diante do surgimento de um modo radicalmente novo de viver o Evangelho, inspirado na simplicidade, na pobreza e na profunda fraternidade com toda a criação. Neste post, você vai conhecer em detalhes como surgiu a Ordem dos Frades Menores, os desafios enfrentados por São Francisco e seus primeiros companheiros, e o legado que continua vivo até hoje.

O contexto da época: Igreja, poder e desigualdade ⛪
No final do século XII, a Europa vivia tempos de grandes contrastes. De um lado, a Igreja detinha grande poder político e econômico. De outro, o povo vivia em meio à pobreza, guerras e doenças. Muitos fiéis sentiam que a mensagem do Evangelho estava se perdendo em meio ao luxo e aos privilégios clericais.
Foi nesse contexto que surgiu Francisco de Assis (1182–1226), filho de um rico comerciante da cidade italiana de Assis, que abandonou tudo para seguir a Cristo na radicalidade do Evangelho.

O chamado de Francisco: “Reconstrói a minha Igreja” 🕊️
A história da Ordem Franciscana começa com uma experiência profundamente pessoal e espiritual. Francisco, após uma juventude mundana, passou por uma forte conversão. Durante a oração diante do crucifixo na igreja de São Damião, ouviu estas palavras de Cristo:
“Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja, que como vês, está em ruínas.”
Inicialmente, ele interpretou esse chamado de forma literal, reconstruindo igrejas em ruínas com as próprias mãos. Mas, com o tempo, compreendeu que a verdadeira reconstrução era espiritual — renovar a vivência cristã a partir do Evangelho.

Os primeiros companheiros: O embrião da Ordem 🤝
A vida de Francisco logo começou a atrair seguidores. Homens simples, que também sentiam o desejo de viver o Evangelho com radicalidade, se uniram a ele. Entre os primeiros companheiros estavam:
- Bernardo de Quintavalle
- Pedro Cattani
- Egídio de Assis
Eles não formaram inicialmente uma “ordem religiosa” no sentido formal. Eram irmãos que viviam juntos, compartilhando o pão, a pobreza e o anúncio da paz.

Um modo de vida diferente: Pobreza, fraternidade e missão 🌍
O modo de vida proposto por Francisco era uma novidade. Ele e seus irmãos não tinham propriedades, viviam de esmolas, caminhavam pelas estradas anunciando a paz e o amor de Deus. Era uma vida de oração, trabalho e serviço aos mais pobres.
O ideal franciscano se baseava em três pilares:
- Pobreza evangélica: renúncia a todos os bens materiais, inclusive em comum.
- Fraternidade universal: todos são irmãos, inclusive os animais e a natureza.
- Obediência ao Evangelho: seguir literalmente os ensinamentos de Cristo.

A aprovação da Igreja: Nasce oficialmente a Ordem dos Frades Menores 📜
Em 1209, Francisco e seus companheiros foram a Roma para pedir a aprovação do Papa Inocêncio III. Era um ato ousado: Um grupo de leigos pobres pedindo reconhecimento oficial.
Conta-se que o Papa inicialmente hesitou, mas após um sonho simbólico — em que viu Francisco sustentando a Igreja que ameaçava ruir — concedeu a aprovação verbal da Regra de Vida proposta por Francisco. Assim nasceu oficialmente a Ordem dos Frades Menores (Ordo Fratrum Minorum).
Esse nome refletia o espírito de humildade do grupo: Não eram grandes nem poderosos, mas “menores”, irmãos de todos.

A Regra de Vida: O Evangelho como caminho 📖
A primeira Regra Franciscana era simples e direta: Seguir o Evangelho de Cristo. Francisco rejeitava normas complexas ou juridicamente elaboradas. Ele insistia que os frades deviam “viver segundo a forma do santo Evangelho”.
Mais tarde, em 1223, uma versão mais estruturada da Regra foi aprovada pelo Papa Honório III, e passou a ser a base oficial da Ordem.

Expansão e desafios: De Assis para o mundo 🌍
A vida evangélica dos Frades Menores encantava e atraía muitos seguidores. Em poucos anos, a Ordem Franciscana se espalhou pela Itália, França, Espanha e outras regiões. Francisco chegou a enviar missionários até o Oriente Médio e ele mesmo tentou conversar com o sultão do Egito durante as Cruzadas.
No entanto, a expansão trouxe desafios: Como manter o ideal de simplicidade e pobreza com um número crescente de frades? Como organizar a Ordem sem trair o espírito original?
Francisco sofreu muito com essas tensões e, nos últimos anos de vida, afastou-se da administração direta da Ordem, entregando-a à condução de outros irmãos.

O nascimento das outras Ordens Franciscanas 🌸
O carisma franciscano logo se multiplicou:
- Segunda Ordem: Fundada por Santa Clara de Assis, é a Ordem das Clarissas, formada por mulheres que escolheram viver a clausura e a pobreza evangélica.
- Terceira Ordem: Para leigos que desejam viver o espírito franciscano em suas famílias e trabalhos, sem entrar para a vida religiosa.
Essas três expressões — Frades Menores, Clarissas e Terceira Ordem — são conhecidas como a Família Franciscana.

O legado espiritual da Ordem Franciscana ✨
A Ordem Franciscana não nasceu apenas como uma estrutura organizacional. Ela é fruto de uma experiência de fé profunda, de uma conversão radical ao Evangelho. O espírito de Francisco continua inspirando pessoas até hoje:
- Na defesa dos pobres e marginalizados
- No cuidado com a criação (inspirando inclusive o Papa Francisco e a encíclica Laudato Si’). Leia este post para saber mais sobre essa encíclica papal.
- Na vivência da paz e da fraternidade entre os povos
- No exemplo de uma Igreja despojada, próxima das pessoas

O franciscanismo hoje: Atualidade e missão 🌿
Mais de 800 anos após seu nascimento, a Ordem Franciscana continua ativa em todo o mundo. Frades, freiras e leigos inspirados por São Francisco trabalham em missões, paróquias, escolas, hospitais e projetos sociais. A mensagem de Francisco permanece atual:
“Preguem o Evangelho, e se necessário, usem palavras.”

Conclusão: Um novo modo de viver o Evangelho 💛
O nascimento da Ordem Franciscana foi um sopro do Espírito Santo em uma época de crise. Francisco e seus irmãos nos mostram que é possível viver com alegria, humildade e radicalidade os ensinamentos de Cristo. A fraternidade, a simplicidade e o amor à criação continuam sendo faróis que iluminam o caminho de quem busca uma fé autêntica.